Bar do Justo


night people



queixam-se os meus confrades que não tenho cumprido com as minhas obrigações de co-proprietário do bar. ao que parece ando a exagerar nas folgas. por falar em folgas, folgo em saber que o chão cá da tasca continua limpinho e a serradura é renovada diariamente.

por aqui tem-se postado sobre fórmula 1 e carrinhos de esferas. gostei do que li. mas não gostei que se tivessem açambarcado às ideias que eu tinha imaginado, para falar sobre esses temas. caguei, voltarei a este assunto daqui a uns tempos. cá se fazem, lá se pagam.

apetece-me falar sobre música. farei um dia a minha História sobre a nossa evolução (ou continuidade) musical. hoje não. hoje quero falar sobre os classix nouveaux.

naquela altura havia 3 bandas que mereciam o nosso respeito e que surgiram mais ou menos na mesma altura: os duran duran, os spandau ballet e os classix nouveaux. podíamos eventualmente incluir aqui mais uma ou outra (os talk talk, os abc ou até os kajagoogoo) mas não o faço por várias razões. umas mais óbvias que outras.

os duran duran eram se calhar os melhores. contudo, foram perdendo a nossa consideração porque a páginas tantas passaram a ser uma banda apreciada, essencialente, por meninas. e meus, amigos, com 12 ou 13 anos, a última coisa que nós queremos é ser associados a uma banda de meninas. mas sim, claro que os ouvíamos. quer o álbum homónimo quer o rio foram escutados até à exaustão. mas era uma coisa mais refundida, era mais entre nós os quatro, não era uma coisa de pormos as colunas na minha varanda. pelo menos, eu acho.

os spandau ballet foram pois, a escolha quase perfeita para a manifestarmos a nossa militância musical. ok, também tinham gajos giros, mas como não eram , vá lá, tão tão giros como os duran duran, as gajas deixavam os tipos em paz. assim elegemos esta como a melhor banda do mundo (e de sempre, lógico) - sim, fazíamos classificações por tudo e por nada. tinham o melhor compositor, tinham o melhor saxofonista, tinham o melhor guitarrista, tinham o melhor baixista e..... pronto agora é que são elas. já explico.

com 13 anos a gente acha que banda que é banda tem de fazer essencialmente barulho. e nós não éramos excepção. em 1982, no auge do futurismo, uma banda tinha, pois, de fazer não só muito barulho, mas também tinha de ter um vocalista, digamos, exótico.

quando chegava a altura de elegermos o melhor baterista a coisa era unanime: b. p. hurding. quando chegava a altura de elegermos o melhor vocalista a coisa, por exclusão de partes (as outras partes seriam, obviamente os duran duran e os spandau ballet), o sal solo.

portanto os classix nouveaux, recebiam o nosso carinho e admiração, entre outras coisas, por terem um baterista que fazia solos muito bons e barulhentos em certas e determinadas músicas e por terem o melhor vocalista do mundo. era sem dúvida uma grande banda.

há coisa de duas semanas chegou-me à mão vindo do espaço, assim duma assentada, o night people e o la verite. os dois primeiros e, para mim, únicos discos destes malandros. desculpem, mas para mim o secret, sucks!

antes de os pôr a tocar, tinha a desconfiança que iria gostar mais das músicas do segundo que do primeiro álbum. esta ideia era fundamentada pelo facto de nunca ter sido proprietário do night people (era do port. que também tinha o la verite, certo, port?) mas sim do la verite. adiante!

ponho a coisa a tocar e fiquei deslumbrado. eram canções que já não ouvia há uns bons 20 anos, talvez mais. que saudades do caneco. ouvir aqueles sons (sim, principalmente sons) fez-me recuar velozmente (assim vuuuuuuuuuxte, tipo transportador do espaço 1999) para uma outra dimensão, para o rés-do-chão lá do 53 da minha rua.

o disco começa logo com sintetizadores. e isso é sempre muito bom. sons a imitar o vento. é a primeira música, um instrumental, chama-se forward. muito, muito futurista. para mim aquilo é cenas do espaço e mainada.

o guilty vem a seguir. foi o primeiro single. tinha aquele ritmo que carateriza a maior parte das músicas daquele tempo: tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum-tum (não contem, eu já o fiz por vós: 7 tuns e 1 tum duplo. vejam, o reformation do journeys to glory, é igual). algures a meio da música acontecem duas coisas que nos faziam amar esta banda: os tais solos do b.p.hurding e uma parte em que o baixo era malhado com o polegar. ó port, tens noção de quantas vezes se ouviu esta música lá na tua vitrola, pá? com aquela moeda de 1 escudo (a preta, das grandes) em cima da agulha, não era?

runaway. a terceira música, já apresentava o sal solo em grandes berros. mas berros fodidos, cenas maradas. os tais berros que o classificavam como o melhor vocalista do mundo deixando para trás o tony headley.

no sympathy - no violins. para mim aquilo é um lamento lá do careca. é uma cena sofrida, coitado do senhor. já repararam, o gajo está mesmo combalido. 'dasse!

inside outside. um pedalão futurista.

623. meus amigos, contrariamente ao que podeis pensar, esta música não é um instrumental. o sal solo diz variadíssimas vezes six, two, three. às vezes numa língua muito esquista. huuuu!!! medo!

every home should have one. "micro camera, microphone every home should have one", é ou não é futurista, pá? e os berros e os berros.... ui!

tokyo, era a minha favorita. acho que ainda é. foi o segundo single. dizia ele na altura que tokyo era longe cumó diabo. ainda é!

or a movie. confesso que não me lembrava desta música. não me diz nada. mas é futurista porra. respeito!

lembro-me que nós gostávamos do soldier. acho que sim. ou eras só tu, ó waick?

the protector of night. se um dia ouvirem os systers of mercy e acharem que vos mete medo, tentem ouvir esta música. medo, muito medo! não a ouçam no escuro. e lá está, outra cena cheia de lamentos.

627. durante a década de oitenta, no final do domingo-desportivo, enquanto passavam as letras finais, era habitual apresentarem-se os golos da jornada ao som dum instrumental qualquer. este foi um dos mais escolhidos. era certinho cumó destino: té néun, né né né né néun...

2 Responses to “night people”

  1. # Anonymous Anónimo

    É pá... Forever and a day, Manitou e Never never comes são do Secret e são bacanas....
    Experimenta ouvir agora.
    Abraços  

  2. # Anonymous Anónimo

    Classix Nouveaux, a minha 2ªbanda de sempre!!!
    Apesar de só terem editado 3 albuns e uns quantos singles, são dignos de serem recordados nos livros do rock n'roll!

    Actualmente, tenho tudo deles em CD Oficial = 6 CD's
    1-Night People
    2-La Verité
    3-Secret
    4-River Sessions Live 1982-04-24
    5-The very Best Of 1997
    6-Best Of 2003

    e o album a solo do Sal Solo "Heart and Soul"!!
    E não me canso de ouvires estes senhores.
    Recomendo a compra dos CD's deles porque valem a pena.  

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