Bar do Justo


aniversário - cena I

Naqueles tempos eram frequentes as guerras, as zangas, as pazes, os amuos, as porradas, as tréguas, essas coisas todas.

No meu 13º aniversário, não havia guerra nenhuma. Mas tinha havido, sim senhor. Desta vez tinha sido com o Saraiva. Merdas de putos, o habitual. Coisas que passaram num instante. Por isso quando anunciei: "- Pessoal, logo à noite lá em minha casa, vamos soprar as velas, comer um bolinho e beber uma schweppes.", não esperava que as pessoas pensassem que o convite teria de ser feito individualmente. Nem era preciso.

Contudo.... bom, já lá vamos.

Durante anos e anos, a ementa de todas as nossas festas de aniversário era constituída pelo elementar bolo de 3 andares coberto de chantilly e bolinhas de açucar ou cerejas - feito pela mãe ou outra familiar com mais mãozinhas para os doces - duas ou três tortas dan cake com cobertura de amendoim ou de chocolate e, obviamente, a dupla fantástica: salame e molotof. Estes dois últimos eram comprados à Elvira dos Bolos (pessoa com um espírito fantastico, muito amiga da rapaziada lá da rua e que de vez em quando nos chamava para nos oferecer uns "cus de salame". Uma maravilha.

Qualquer uma dessas festinhas era um evento social da maior importância, não se podia faltar a uma coisa dessas. Lá esperei o pessoal, lá fomos ouvindo um ou outro disco que nos tivessem ofertado e já a festinha estava a decorrer há uns minutos valentes, quando às tantas o Waick Banan me propõe:
"- não queres ir chamar o Saraiva?"
"- o Saraiva? mas ele não veio porquê? não disse para ele não vir, pois não?"
"- ah, não sei. ele acha que não foi convidado. e até me disse "eu acho que o Dar tinha razões suficientes para me convidar!"
"- Razões suficientes para me convidar!?!? Foda-se! Olha-me a formiguita já constrói frases como gente grande, ena, ena. Eh pá, ó Waick, vai lá chamar então o gajo, pá"

Foi. E lá trouxe o gajo. Que vinha com o ar mais abatido do mundo. Nada que uma fatia de molotof e um copo de Frutol não sanasse.

E aqui estamos nós, de cima para baixo, da esquerda para a direita: Waick, Port, Dar, o meu primo Martelo, o Pires e o Nuno "ele tinha razões suficientes para me convidar!" Saraiva, já com a travessa dos palmieres quase vazia e o salame sem os respectivos cus.

E tu, Seth, baldaste-te, estavas doente ou andavas em viagem de negócios?




Nota: não quero bocas relacionadas com o tamanho das minhas golas. Eu já era o metrosexual que sou hoje, não é?

3 Responses to “aniversário - cena I”

  1. # Anonymous Anónimo

    Sem palavras.... 24 anos atrás. Podes não acreditar mas ainda hoje tinha pensado como seria do outro mundo alguém postar uma foto dos bons velhos tempos mas não me ocorria quem pudesse ter. Lá em casa máquina fotográfica era "grupe"...
    Esta foto parece saída do "Era uma vez na América"...hehehe
    Tenta arranjar uma foto do Seth e "cola" ao teu lado porque ainda há espaço.
    Engraçado, como não "me reconheço" na foto mas lembro-me perfeitamente da camisa.
    As tuas enciclopédias... Que pena não ter apanhado aquele teu telefone merdoso que comutava com a loja.
    Obrigado Dar. Esta foto valeu por mil palavras.  

  2. # Anonymous Anónimo

    Magnífica recordação! Realmente é pena o Seth não estar.
    Abraço.  

  3. # Anonymous Anónimo

    Não queria voltar a desenterrar este assunto.

    Mas já que perguntas, a verdade é que não recebi qualquer convite nominal.

    E, se queres que te diga, tinhas razões suficientes para me convidar.  

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