Bar do Justo


Namoro

 Não é um namoro de cartas em papel perfumado como na canção. Segundo o Acha nem havia namoro nenhum. Chegava mesmo a virar-se a quem lhe atirasse a piada:
 - Tu namoras com a Fernanda Cara-de-Homem!
 Pudera! Dos defeitos que envergonhavam qualquer adolescente numa rua decente - pior que não arranjar namorada -, namorar com uma gorda feia e badalhoca das barracas havia de ser o pior de todos. E nem por ser de uma família realojada pela Câmara ela aparecia mais asseada aos olhos da malta. Se calhar era-o, não sei. Mas nem sequer isso lhe diminuía a voz grossa.
 - Ó MÓNICA! -
lembram-se dela a chamar a irmã? - VEM CÁ AO PAI!
 Enfim! O Acha negava sempre, e reagia sempre pior que mal. Os outros, andávamos na dúvida.
 Um dia, ufanava-se o Acha, fanfarrão, de ter estado beijando e apalpando uma gaja toda, quando passa o matulão cigano, o Cafeteira:
 - Ai Achâa! Ê' vi-te ali com a Cara-de-Homem na escada da tua avó...
 O par ficou então, com maior certeza, famoso, mas não chegou para o casório.

4 Responses to “Namoro”

  1. # Anonymous Anónimo

    Grande Garlitos de Gomera!  

  2. # Anonymous Anónimo

    E eu com a ideia que as estórias físicas naquela rua e naquele tempo envolviam sempre o Penico.

    Sê bem-regressado, Amigo  

  3. # Anonymous Anónimo

    Já não me lembrava do "Ó MÓNICA, VEM CÁ AO PAI".

    Para mim, o brado era sempre "Ó MÓOOOOONICA, 'TÁ A DAR O I-MÃ".

    I-Mã que caso não se lembrem era o implacável He-Man, super-herói televisivo de outros tempos.

    Abraço  

  4. # Anonymous Anónimo

    Queria lembrar (recordar)a todos que a "nossa Fernanda" era mais gaga que um martelo pneumático daí a Mónica demorar tanto tempo a chegar ao pai...
    Abraços  

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