Bar do Justo


la verite



aviso: comecem por ler o post anterior. vá lá, não comecem com fitas.

a coisa passou-se na semana que fica entre o natal e a passagem de ano. estávamos, julgo eu, em 1982. tinha ainda a carteira recheada, pelos envelopes contendo uma notinha que me foram ofertados na noite da consoada.

assim, desci até ao mercado de arroios e numa loja localizada nas suas redondezas, pus-me a ver de que forma poderia gastar aqueles 400 paus (não devia ser mais que isso). já tinha dado à minha irmã nesse mesmo natal o never again e andava tão entusiasmado com a banda, que decidi perder a cabeça comprando o álbum. visto à luz da actualidade parece uma coisa banal mas na altura não o era. se a ideia era comprar o álbum, não se compravam singles. e vice-versa, porra!

o alinhamento do la verite tinha uma coisa curiosa. achávamos nós que o sal solo (que era o compositor da banda) queria fazer passar uma mensagem. assim, aproveitando os títulos das músicas julgávamos que existia a seguinte mensagem subliminar: vou avançar. será isto um sonho? devo acreditar na coisa? porque tu ainda és uma chavalita, à 6 para as 8 vou-te contar toda a verdade. olha, filha, nunca mais, acabou-se tudo. mas em 1999 eu volto. é uma questão de esperares. sim, eu sei, éramos também muito parvos.

adiante. isso mesmo, a primeira música é o foreward. mais um instrumental, desta vez a fazer lembrar os pífaros da guerra da sucessão americana.

o is it a dream, fez muito pelas vendas do disco. e era a música mais apreciada pelos não-futuristas. nós gramávamos à brava.

o to believe é um slow. para mim, é. pronto, ok, é uma música calminha. mas gira. aliás este disco tem uma coisa característica: as músicas calminhas não são tão sombrias como as do night people.

não gosto do because you're young. tá dito, tá dito.

6 to 8. instrumental. não é para ser trauteada, é para ser assobiada. faz-me lembrar o começo dos pequenos vagabundos, com o jean-loup e a sua pandilha. não me perguntem porquê. talvez por causa do fi-fifi-fifi, fi-fi-fi-fi-fifi. não liguem.

la verite. e lá está o gajo com os tais lamentos. às vezes quase parece um fadista. ah puma!

never again. não consigo ouvir esta música sem me lembrar do rui pires (que também tinha cabelo à futurista) a dançar numa matiné no vitória. é uma das melhores músicas dos anos 80. e é certamente das 5 melhores canções futuristas de sempre. tótil: voz, baixo e bateria. um show! sou capaz de ouvir o solo de bateria com os gritos por detrás, sei lá, umas quinze vezes seguidas.

it's all over. tem coros a fazer lembrar os queen, imagine-se! não é do melhor que eles fizeram. deveria ter ido para o secret, pronto!

1999. este é um grande pedalão. muito futurista.

i will return. outra calminha. mas boa, novamente com os tais coros que falei há pouco. é uma ganda malha. até dá para dançar agarradinhos (só até uma certa e determinada parte). e tem bateria.

finale. é a continuação do foreward. instrumental, portantos!

noutro dia volto à secção da música. hoje quis ficar pelo careca. são realmente dois discos do camandro. não se pode falar de música futurista sem se falar nestes gajos. o terceiro disco já não é a mesma coisa. mas é assim mesmo: ao terceiro disco já os spandau e os duran também não eram futuristas. no secret mantiveram-se fiéis ao futurismo, mas já sem a qualidade que demonstram aqui neste disco.

saudade!

4 Responses to “la verite”

  1. # Anonymous Anónimo

    Haverá algo mais a dizer?!...
    Eram os dois discos mais riscados que eu tinha (o single «Do You Really Want To Hurt Me» não conta porque não se compara estrume como perfume.
    Grandes recensões! Um abraço.  

  2. # Anonymous Anónimo

    Estrume com perfume, fechar parêntesis.  

  3. # Anonymous Anónimo

    E no entanto...
    Desculpem-me os confrades abusar da caixa de comentários. A saudade e as emoções descritas ao ouvir de novo passados tantos anos o ruído do careca & cª compreendo-as muito bem; já as senti inúmeras vezes. No entanto dificilmente as sinto revendo os futuristas. Já tinha constatado isso na véspera de arrumar o gira-discos na arrecadação, altura em que como que me "despedi" duns poucos destes velhos discos em vinil.
    Fui ver uns telediscos no Tubo e é uma imensa desilusão para mim hoje ver aquelas tristes figuras. A admiração que me causavam então só a consigo justificar no vazio de referenciais estéticos da minha juventude, que era pasto para uma subcultura 'pop' de gosto assaz duvidoso. Não abjuro a cultura 'pop' pois faço parte dela. Mas ao fim deste tempo (felizmente) consigo perceber que certos modelos estéticos veiculados eram, são, muito fraquinhos.
    Um abraço.  

  4. # Anonymous Anónimo

    Excuse, disco riscado era o "Cairo" dos Táxi, e fui eu de propósito....
    Abraços  

Enviar um comentário



Google Docs & Spreadsheets -- Web word processing and spreadsheets. Edit this page (if you have permission) | Report spam